quarta-feira, 9 de abril de 2014

Ela.

Ela ta aqui por um motivo. Assim, só um motivo mesmo. Ela quer dizer que apareceu aqui porque mudou. Eu não entendi bem, acho que é porque ela cortou o cabelo há alguns meses. Eu achei que ficou bonito, combinou com o formato do rosto, mas não acho que seja só pelo cabelo, naquele dia ela estava bem arrumada, disse que ia começar a andar assim de agora em diante. Eu não entendi bem, mas ela estava tão bonita que não me arrisquei em tentar compreender o motivo. Ela estava tão linda... Ah! Me disse também que sua vida melhorou, que aprendeu bastante, eu imaginei que tinha aprendido mesmo, afinal, ela já havia se formado e estava na sua primeira graduação. Isso me deixou meio confuso. Ela me disse que ainda não estava completa, eu imaginei que tinha sido por conta do cabelo que estava faltando na cabeça, eu amava os seus cabelos, mas ela estava tão bonita daquele jeito que achei melhor não imaginá-los novamente. Ela me disse que se sentia melhor sozinha, eu compreendi na hora, mas, pensando bem, quem é que se sente melhor sozinho?
Ela me disse que amar e ser amado não era tão bom quanto uma paixão platônica, pois com a paixão platônica você consegue amar todos os dias e sentir borboletas na barriga todos os dias. Eu ri. Enquanto ela falava, eu notei que ela estava usando batom (ela nunca tinha usado batom antes), era vermelho e ela estava linda. Ela me disse algumas baboseiras sobre história da arte e cantores burgueses que ficaram famosos com músicas na época da ditadura. Ela me falou que andou pensando muito em mim. Não lembro muito qual foi a minha cara quando ela me disse isso, mas deve ter sido engraçada, porque ela riu. Ela repetia muitas vezes que estava feliz, mas acho que era mentira, porque uma vez eu li em uma revista (aquelas de sala de espera com rostos de mulheres bonitas e famosas) que quando alguém repete muito que está feliz, é porque queria estar. Faz sentido pra mim. Ela me falou que estava pensando em viajar, conhecer novos lugares, e que o Brasil estava muito pequeno para ela. Bom, isso foi estranho pra mim, já que o Brasil é o quinto maior país do mundo. 
Por fim, ela se despediu. Foi um beijo no rosto, sabe, aqueles que todo mundo da. Não foi um beijo de carioca (eles geralmente dão um em cada bochecha), foi um beijo de paulista; um só, então ela virou as costas e partiu.

Ela é uma grande mentirosa. Me disse que havia mudado, mas ela estava linda como há 10 anos atrás. 

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